
Batalhão de Cavalaria nº 267 – Parte II
Texto de Idílio Amaral
Milhares de Militares partiram para as frentes de combate em Angola, Guiné e Moçambique, muitos foram os que nunca mais regressaram, em plena flor da vida, foram descarregados no Cais da Rocha em Lisboa em caixões de madeira, sempre às escondidas era essa a principal preocupação do regime, esconder o que todos os portugueses sabiam.
Os transportes eram custeados pelos seus familiares, especialmente aqueles que tinham alguns meios para o fazerem, o Governo exigia valores altíssimos às famílias para a transladação dos restos mortais dos seus Militares mortos em combate alguns dos quais, provocados pelo rebentamento de minas e granadas ficando irreconhecível. As pessoas simples do povo sem recursos económicos, por não poderem pagar a transladação, choraram lágrimas de sangue e algumas já faleceram levando no coração esse grande desgosto, por não terem feito um funeral digno a seus filhos, como era seu desejo.
Desta forma o Governo de então, evitava o espectáculo, agonizante e fatal para a sua imagem, que seria o país, ver chegar à capital, urnas e mais urnas, com corpos de Militares de uma guerra, que Lisboa insistentemente afirmava que estava ganha.
Muitas famílias portuguesas, começaram mais tarde a tomar consciência de que aquela, era uma guerra onde perdiam ingloriamente os seus filhos, os seus maridos, os seus noivos e outros familiares, sem saberem muito bem porque.
Outros por lá ficaram, inicialmente sepultados onde barbaramente foram mortos, nem caixão, nem flores, apenas as lágrimas amargas de alguns companheiros, já que as de outros secavam muito depressa.
Era essa a consideração que a Nação Portuguesa, tinha pelos seus Soldados, os quais foram enviados para os conflitos armados em defesa da Pátria e foram abandonados a meio da selva, como se fossem animais, procurando-se agora a sua localização em cemitérios abandonados, cuja imagens nos entram pela casa dentro, através dos meios de comunicação social.
Ao serem exploradas essas imagens, designadamente em Moçambique, junto a um cemitério abandonado, as palavras de um individuo de cor, proferidas de forma pouco respeitoso com certeza que provocaram sofrimento e dor às famílias, daqueles que ali terão morrido, abrindo-se novamente feridas, em parte saradas à custa de muita lágrima e de muitos anos passados.
Muitos outros ainda hoje guardam feridas incicatrizável e memórias arrepiantes, revivem constantemente em pesadelo as ocorrências mais dramáticas de uma experiência que os vitimou para sempre. Paraplegia, cegueira, amputação de membros, entre outros, são exemplo de um sacrifício humano, protagonizado por milhares de combatentes em treze anos de guerra.